Mosquito
de Margarita Del Mazo; ilustração
de Roger Olmos
Um mosquito oferece-se para ajudar um
velhote a descobrir qual é a carne mais saborosa, e a libertá-lo de uma
terrível serpente que o quer comer. Em contrapartida, o velho proporciona-lhe
uma dentadura de ferro para nenhuma vítima lhe poder resistir, o que o agudo
insecto aproveitará para se deixar levar pela sua voracidade...
Em tom humorístico, este conto tradicional
chinês, de carácter etiológico, mostra-nos porque é que o mosquito, em vez de
falar, emite um zumbido em forma de grito de guerra, revelando-nos também
porque é que as serpentes comem ratos.
O leitor pode seguir as peripécias das
personagens que nos ensinam como justiça e solidariedade triunfam sobre tamanho
e força, numa história que nos faz contactar com a cultura tradicional de um
povo que, durante séculos, teve como forma de expressão essa voz que agora
prolonga a sua vida na escrita.
Margarita del Mazo, a partir da sua
experiência de narradora oral, adapta este conto com um estilo ágil e simples,
dotando-o de um singular sentido de humor, que encaixa na perfeição com as
sempre divertidas ilustrações de Roger Olmos.
As deformações volumétricas que o
ilustrador catalão realiza proporcionam uma perspectiva curiosa das
personagens: humanas (velhote, ferreiro, crianças) e animais (serpente,
mosquito, pássaro, andorinha, rato…) dos grupos diferenciados que servem para
contrapor realidade e fantasia.
No Mosquito, a sua proposta plástica parte
de óleos contundentes numa relação de absoluto predomínio sobre um texto que respeita
de forma escrupulosa no discurso plástico-literário da página dupla, uma
característica que faz parte das marcas de identidade de Roger Olmos.